Há relações humanas que transcendem as meras vigências sociais ou os atos psíquicos. São as relações estritamente pessoais: aquelas formas de convivência em que os homens se encontram rigorosamente como pessoas. Buscando o que é estritamente pessoal para, a partir desta perspectiva, considerar todas as outras relações possíveis, Julián Marías traça o mapa, não do mundo “humano” ou “psíquico”, mas do mundo pessoal — local de entrecruzamento de trajetórias dramáticas.

Essa perspectiva da realidade, entretanto, exige um método adequado: o mapa do mundo pessoal tem de corresponder à estrutura de seus componentes e, portanto, não pode ser “descritivo”, como se poderia esperar, mas tem de ser narrativo. Assim, mais do que traçá-lo, é preciso contá-lo.

Ninguém pode possuir a si mesmo sem a cartografia do mundo pessoal, sem possuir antes uma narrativa sincera da própria história, sem saber com quem verdadeiramente faz a própria vida, e sem entender a pessoa como a realidade cuja forma consiste em viver.